No
começo do século passado, as festas de
N.S. da Conceição e do Divino Espírito
Santo eram realizadas juntas no início de dezembro,
unindo os trabalhos dos dois festeiros e dando maior
brilhantismo às festividades. E os festeiros
não pouparam esforços nem despesas nesta
festa de 2 a 8 de dezembro, do ano de 1905. Suas casas
ficaram com as portas sempre abertas, com mesa farta
a quem quisesse chegar.
O hotel e residências particulares encheram-se
de hóspedes. A igreja ricamente ornamentada,
e a praça fronteira foram iluminadas com iluminação
à gás. Um grande coral vindo de Porto
Alegre esteve presente nas novenas e missas solenes,
onde o bispo auxiliar da capital durante três
dias deu assistência às missas e realizou
um grande número de crismas. Três bandas
de música tocaram durante os festejos e um teatro
de fantoches foi apresentado.
Nas procissões, foi feita a apresentação
do séquito do imperador-festeiro levando a coroa
e o cetro, com seus pajens representados por meninos
vestidos de azul com bordados a ouro, segurando a cauda
do manto do imperador.
O ponto alto das festividades foram as cavalhadas, que
simulavam as lutas entre mouros e cristãos. Eram
escolhidos os melhores cavalos e ginetes. Os cristãos
vestidos de seda azul e os mouros de seda amarela, todos
montados em cavalos cobertos de prataria. O cavaleiro
devia em carreira, tirar de um arco armado na extremidade
da praça, um pequeno anel de ouro ou prata, a
argolinha. De posse dela, ia oferecê-la a alguma
autoridade ou pessoa de destaque, que devia retribuir
colocando na ponta da lança do ofertante, um
mimo qualquer.
No Império, Capela do Espírito Santo,
localizada ao lado da Matriz, realizavam-se os leilões.
Na rua, os festejos populares: o pau-de-sebo, as barracas,
o cinematógrafo, os balões e a queima
dos fogos-de-artifício.
A festa do ano de 1905 em Viamão marcou época.
Foi a que maior brilho alcançou e o maior número
de visitantes atraiu à cidade, deixando por muito
tempo vivas as recordações aos que a assistiram.
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